quarta-feira, 11 de agosto de 2010

"Dum spiro, spero"

Desde algum tempo tenho sempre presente o seguinte pequeno e antigo ditado ditado em latim: "Dum spiro, spero". Por alto significa que enquanto viver terei esperança. Esperança de fazer aquilo que ainda não consegui fazer, esperança de fazer aquilo que me faça sentir vivo.

Neste sentido, partilho aqui, um excerto de um livro, o qual já aqui publiquei pequenos excertos; chama-se O Livro das Emoções e é da autoria de Laura Esquivel.

Neste excerto encontrei uma imagem muito parecida da minha imagem de vida.

Fica bem.


"A vida, finalmente, não é mais que um conjunto de recordações, imagens, risos, lágrimas, através dos quais adquirimos consciência daquilo que somos. E vale a pena vivê-la? Definitivamente, sim. Não obstante o sofrimento, a tristeza, o isolamento em que possamos às vezes cair, é precisamente nesses momentos que nos perguntamos: qual é o sentido da minha existência? É então que surge uma voz dentro de nós. Uma voz discreta, quase inaudível, que não ousa expressar-se porque o mundo lhe nega o direito de se afirmar. É nesses momentos de solidão, quando o «ruído» do mundo é afastado, que podemos ouvir a alma dizer-nos que o único e verdadeiro valor é o amor. Só na inactividade descobrimos que aquilo que nos mantém com vida não é a recordação do carro que comprámos, nem dos deveres cumpridos, ou do tempo que passámos em burocracias, mas a esperança de fazer tudo aquilo que não fizemos: dizer às pessoas que nos rodeiam aquilo que significam para nós, dar um abraço a um amigo perdido, partilhar uma tarde de riso com os nossos filhos, contemplar uma chuva de estrelas, dar um beijo de amor ao nosso companheiro, amar, amar, amar.
Estou convencida de que no dia que tenha de partir deste mundo, os sons e as imagens que me acompanharão não serão os dos meus arquivos em perfeita ordem, nem o ruído do motor do meu carro. Serão a imagem do meu pai de braços abertos a acolher-me quando eu dava os primeiros passos, a do nascimento da minha filha, a da minha mãe agasalhando-me, o olhar do meu marido, os beijos, os risos, os abraços, o amor partilhado."
by Laura Esquivel, in Livro das Emoções

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