segunda-feira, 22 de junho de 2009

Foi um momento...

Já aqui vos falei de momentos; e desculpem bater na mesma tecla, mas vou voltar a falar; mas agora de um certo tipo de momentos que nos marcam, mas que vulgarmente analisados não mostram grande importância.

Existem aqueles momentos que nos ficam gravados para a vida, certos gestos, certas palavras, certos sentimentos, etc. Mas que são aqueles momentos que só nós é que captamos, só nós os entendemos, só nós é que os sentimos.

Falo disto, pois reparei que afinal esses pequeninos momentos ficarão para sempre na nossa memória; pequenos momentos que na imensidão de uma vida, à primeira vista nada acrescentaram a essa mesma vida, mas lá no fundo podem muda-la.

Deixo aqui um poema de Fernando Pessoa que me parece define bem os momentos que acabei de falar.
Fiquem bem.


"Foi um momento
O em que pousaste
Sobre o meu braço,
Num movimento
Mais de cansaço
Que pensamento,
A tua mão
E a retiraste.
Senti ou não ?

Não sei. Mas lembro
E sinto ainda
Qualquer memória
Fixa e corpórea
Onde pousaste
A mão que teve
Qualquer sentido
Incompreendido.
Mas tão de leve!...

Tudo isto é nada,
Mas numa estrada
Como é a vida
Há muita coisa Incompreendida...

Sei eu se quando
A tua mão
Senti pousando
‘Sobre o meu braço,
E um pouco, um pouco,
No coração,
Não houve um ritmo
Novo no espaço?
Como se tu,
Sem o querer,
Em mim tocasses
Para dizer
Qualquer mistério,
Súbito e etéreo,
Que nem soubesses
Que tinha ser.

Assim a brisa
Nos ramos diz
Sem o saber
Uma imprecisa
Coisa feliz. "

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